Alegrias e tristezas de um Cidadão Desempregado

A vida de desempregado pode ser dolorosa ou emocionante, de acordo com seu estado de espírito, ao levantar da cama sem saber o que o futuro te reserva. Como não sou o único cidadão que já passou (ou passará) por essa situação, posso mostrar meu ponto de vista. É hora de fazer amizades, como estou ocioso o dia todo, tenho que matar o tempo: Tomar café na mesma padaria, e comprar cigarro avulso (picado) três vezes ao dia, me deixou popular ao ponto de ser conhecido por nome pelas atendentes e estreitando laços de amizades, ao ponto de me tornar seu confidente e meio que um cliente vip. Mas não se iluda: Desempregado no dicionário de uma mulher é o mesmo que falar que tem doença venérea, sem chances de ser promovido de amigo para qualquer outra denominação: Peguete, Ficante, Namorado...


Hora do almoço, pego o cardápio e vejo qual são minhas opções: Que nada! Desempregado não pode ficar escolhendo muito, é Restaurante Popular! E quando for um dia especial terá direito a fazer sua refeição sagrada em algum restaurante de comida caseira. Infelizmente onde moro, “comida caseira” é sempre um eufemismo para comida ruim. Mas graças ao meu carisma, sempre consigo colocar um pedaço de carne a mais no prato, sem ter que pagar por isso, é a tal da “amizade por conveniência”.
Acordar cedo pra ir a agência pode ser depressivo ou mesmo proveitoso, já que nas filas imensas acabo adquirindo cultura, pois tudo é discutido: Política, Futebol, casos de conflitos com antigo empregadores, traição e amores não correspondidos, música e até planos para o futuro depois que arranjar o tão sonhado emprego. Tem os tipos que só reclamam do Governo, os religiosos que clamam por uma ajuda divina e de vez enquanto até alguma menina bonitinha que paqueramos, mas só para passar o tempo, já que ela não vai querer marcar de sair com um cara quebrado economicamente.


Não conseguiu arranjar emprego? Nada de tristezas, esqueça um pouco das contas que estão vencendo, da necessidade de adquirir bens materiais, daquela balada de fim de semana, do pagamento da mensalidade da faculdade, prestação do carro, daquele notebook que planejava comprar no fim do ano, de impressionar aquela gata do barzinho, e até mesmo da continuidade de pagamento da Internet...
Agora é a hora de matar saudades dos filmes da Sessão da Tarde, de estreitar os laços de amizade com os vizinhos, sentar-se à mesa com os amigos e quando chegar à conta, fingir que foi atender o celular e sair de fininho, ler bastante, meditar, fazer caminhadas e Cooper pelo parque (Se seu tênis ainda não tiver acabado, pois não terá como comprar outro), contar quantos carros passa em sua rua, escrever bobagens como essa...

"A verdade está lá fora, trabalhando no mercado informal"...